Continuando.
Se eu tivesse que arbitrar uma data específica para quando iniciei minhas pesquisas sobre a história de Mimoso do Sul, seria algum dia do início de 1997. Já antes disso me interessava pela história local, mas tudo o que eu tinha eram os relatos dos mais velhos, e o pouco que já se havia escrito sobre o tema.
Logo tomei conhecimento do já clássico livro de Grinalson Medida, que trata da história de São Pedro do Itabapoana. "Achei-o" na seção de coleções especiais da Biblioteca da UFES. Era obra antiga, da década de trinta, mas não deixava de ser fonte secundária. Nesta mesma seção da biblioteca foi que tive contato com os primeiros jornais antigos, que eram os exemplares de um jornal de Cachoeiro datados de 1920 a 1928. Foram nesses jornais que comecei à coletar informações publicadas sobre Mimoso do Sul, anotando tudo num caderno, num verdadeiro trabalho de garimpo. Em Mimoso, a Secretária do recém criado Departamento de Cultura me presenteou com uma cópia da conhecida Revista de 1951, que eu já havia lido, mas que eu não possuía. Passei à frequentar o Departamento de Cultura, que havia "encampado" a Biblioteca Municipal que eu já frequentava assiduamente desde o ano de 1991.
Mas, apesar das muitas fotos e dos poucos livros que tratavam da história de Mimoso do Sul, eu queria mais. Achava eu que havia muitas lacunas, e que o nossa história não havia sido ainda pesquisada à fundo. Fui na Prefeitura atrás de arquivos, mas nada havia de relevante (à não ser os livros contábeis); fui informado, mais tarde, que todos os arquivos antigos, que não mais "prestavam" e que "entulhavam" o Almoxarifado, haviam sido incinerados. Pouquíssima coisa sobrou, salvos pelas mãos de Pedro Antônio de Sousa e de Rosângela Marques Guarçoni. Graças à esses dois pesquisadores, conseguimos preservar alguns documentos de certa relevância. Posteriormente, já depois de ter bem adiantados meus estudos em fontes primárias, pesquisei nos Cartórios do Município, onde encontrei alguns documentos que enriqueceram ou confirmaram dados pesquisados de outras fontes.
Estava eu estudando em Vitória. Em Mimoso, minhas pesquisas ficavam limitadas aos tempos de férias. Na biblioteca da UFES nada havia mais que eu pudesse ler ou pesquisar sobre Mimoso do Sul. Foi então que, certa vez, fui "tentar a sorte" no Almoxarifado da Prefeitura de Vitória, onde também funcionava o Arquivo Público Municipal. Lá fui sem muitas expectativas, mas - quem sabe? - eu não pudesse encontrar algo lá, como jornais antigos? Chego lá como se fosse "entendido", e peço à moça que me pegue o jornal "Diário da Manhã" do ano de 1930. Eis que, após alguns minutos, chega-me a mesma com os exemplares do dito jornal, encadernados em grossa capa. Fiquei extasiado! Devorei todas as edições do referido jornal, "garimpando" tudo o que eu encontrava sobre Mimoso do Sul. Foram dias e dias nesse trabalho, pois encontrar em meio à tantas reportagens e matérias coisas específicas de Mimoso do Sul era verdadeiro trabalho de "garimpo". Sem falar que não podíamos tirar cópias xerox dos jornais - tudo tinha que ser anotado à mão. Pena que ainda não haviam as câmeras digitais!
Daí para frente minhas pesquisas somente aumentaram. Conheci novos lugares aonde poderia encontrar fontes primárias. Na Biblioteca Estadual e no Arquivo Público Estadual haviam coleções inteiras de jornais antigos; na primeira, podíamos folhear, e no segundo, estavam microfilmados. No Arquivo Público também haviam importantes documentos, como telegramas, ofícios, etc. Fui ao Instituto Jones dos Santos Neves, onde consegui as fitas gravadas com os depoimentos de antigas personalidades do nosso Estado (escutei todas, anotando qualquer coisa que falasse de Mimoso). No IPHAN, que funcionava na Capela de Santa Luzia, no centro de Vitória, consegui cópias das mais antigas fotos panorâmicas de Mimoso que se têm notícia até hoje. Pesquisei, pesquisei, pesquisei. Adotei como foco o ano de 1930, quando ocorreu a mudança da Comarca de São Pedro para Mimoso. Mas - como sempre - um assunto leva à outro, que leva à mais outro, e por aí vai. Li todos os jornais que pude ler. Algumas coleções, li tudo - tudo mesmo! E sempre anotando em meus cadernos, pois o primeiro já havia sido totalmente preenchido nos primeiros meses de pesquisa.
Em 2004 e 2005 cheguei à escrever num jornal local, o "Acontece", em colaboração à Carlos Miranda de Castro. Já então havia anos que eu pesquisava, e já tinha muito material. De Carlos Miranda, inclusive, também fui presenteado com cópias de documentos que eu ainda não possuía.
Fato é que continuo pesquisando. Acho que a pesquisa nunca se finda. Sempre há algo novo para se procurar. Segui, então, o conselho de Rosângela Guarçoni: pegue um foco, pesquise à fundo, e quando acreditar que tem material suficiente, encerre a pesquisa; pois, quanto mais se procura, mais de acha. E assim o fiz - em parte. Sempre que posso, continuo pesquisando.
lido...
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