terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Banco do Brasil e a pecuária em Mimoso do Sul

Ora, vejam; quase três meses sem desenvolver um novo texto para o BLOG. Mas que desrespeito para com os leitores!!! (risos) Mas a explicação é bem simples: estou acelerando a confecção do livro que pretendo terminar ainda nesse ano, de preferência no início de novembro. Assim, estou dedicando meu tempo livre para atingir esse fim.

No dia 23 de junho havia eu iniciado um escrito sobre o Banco do Brasil, e o incentivo que este deu ao desenvolvimento da pecuária em Mimoso do Sul, em detrimento das lavouras de café, já amparadas por financiamentos e créditos de outros bancos públicos e privados. Minha vontade era colocar lá dados de minhas pesquisas, pois possuo os números da evolução da pecuária e das pastagens em Mimoso, desde a década de 1920 até os dias atuais. E, concomitante, colocar algo sobre o incentivo que a recém inaugurada agência do Banco do Brasil prestou aos pecuaristas.

Meus arquivos são grandes e, o que é pior, bagunçados. Não tive tempo (e nem saco) para procurar os dados. É provável que, em EDIT futuro, eu aqui coloque as informações. Mas, por hora, vai somente isso: durante a década de 1940 e 1950 a pecuária aumentou muito o seu espaço em Mimoso do Sul, principalmente nas terras mais baixas. Esse fator foi muito importante para minimizar, no final da década de 1960, o impacto que a política de erradicação dos cafezais provocou no Município.

Posto, então, apenas um pequeno texto, com colocações de um dos primeiros funcionários do Banco do Brasil em Mimoso do Sul. Observa-se uma visão progressista, de olho no futuro, deste funcionário que logo se tornou o gerente da agência.

O nome desse funcionário era José Andrade de Souza. Chegou em Mimoso em 1942, quando foi inaugurada a agência do Banco do Brasil em Mimoso do Sul. Chegou como sub-gerente. No mesmo ano, tornou-se o gerente da agência. Tinha apenas 22 anos, na ocasião.

José ficou dez anos à frente da Agência de Mimoso. Foi embora em 1952, quando foi transferido para Pirassununga, em São Paulo. Quando chegou em Mimoso e assumiu a gerência, o café imperava na economia local; a pecuária, embora existente, era de pequena monta comparada aos cafezais.

A equipe da agência do Banco do Brasil em Mimoso do Sul - 1950


Segundo José, suas previsões de crescimento para a cidade se concretizaram, ao final desses 10 anos. Não através da lavoura cafeeira, muito maltratada por falta de orientação técnica antes da chegada do Banco, mas graças à pecuária, que logo virou um dos pilares fortes da economia local com o apoio do Banco do Brasil aos criadores. José disse em entrevista prestada à Revista VEJA, em 1978: "Para você ter uma idéia de como o Banco foi importante para aquela gente, basta dizer que quando saí de lá fui abraçado por vinte afilhados".

José Andrade de Souza cita também alguns fatos pitorescos.

Um agricultor local, "Para provar que tinha crédito, me apresentou suas promissórias: - quatro quilos, doutor; um eu pesei agora -. Isso aconteceu em Mimoso do Sul, no Espírito Santo, quando eu trabalhava na subgerência local do Banco do Brasil. Por sinal, tinha 22 anos quando fui convocado para sua gerência".

"Lembro que cheguei lá e fui direto à uma firma de café explicar que a gerência ia ser instalada. Disse que devia fazer o cadastro da praça e fiz um discurso sobre a riqueza da região. Aí um dos sócios da firma interrompeu-me: - Está bem, temos certeza que a agência do BB dará bons resultados. E quando é que vem o gerente? -".
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Investindo no financiamento e na ajuda financeira e técnica aos pecuaristas, o Banco do Brasil em Mimoso do Sul ajudou à cimentar uma importante atividade econômica do Município. E isso numa época que o café, embora já decaindo em sua primazia, era o carro forte econômico local. Visão progressista e de longo prazo, que muito beneficiou Mimoso do Sul, e que foi importantíssimo para minimizar os efeitos que a erradicação dos cafeeiros produziu localmente.
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Gerson Moraes França
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Fontes:
Revista Veja - ed. 507 - 1978
Foto: "Mimoso do Sul, um município em revista" - 1951