quarta-feira, 27 de junho de 2012

Corrigindo um Artigo

Por esses dias, em um dos grupos do Facebook que têm como foco o Município de Mimoso do Sul, foi publicado um pequeno artigo sobre a história deste torrão. Logo percebi os erros e equívocos, e "pedi um aparte", que me foi gentilmente concedido. É complicado retificar informações errôneas, pois podemos ferir susceptibilidades e egos. Mas, penso, é meu dever como pesquisador e, principalmente, como futuro historiador, corrigir o que noto de equivocado. Não é minha intenção "ser melhor", ou "aparecer"; só desejo que a nossa história, a nossa verdadeira história, seja retratada o mais fielmente possível com o que realmente foi no passado.

Resolvi, então, registrar tal fato, bem como o artigo e minhas correções, aqui no BLOG. Não sei quem escreveu o artigo em questão, mas espero que a pessoa não se chateie comigo.

Abaixo, o
ARTIGO:

MIMOSO DO SUL
No dia 26 de Novembro de 2004 o município de Mimoso do Sul, localizado ao sul do Espírito santo, comemora o seu aniversário de emancipação política: 74 anos já que isto aconteceu em exatos 26 de novembro de 1930.
Porém, a história do Município origina-se de datas bastante remotas:
1776 – sesmaria que havia pertencido aos jesuítas é arrematada em hasta pública por Antonio Pereira da Silva. Dá-se o início ao núcleo de povoamento, sendo os povoadores procedentes de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Os desbravadores favoreceram-se da fertilidade do solo, dedicando-se ao cultivo de café, mas depararam-se com fortes obstáculos da malária que graçava aquela época. Fixaram-se à margem esquerda do rio Itabapoana,no atual distrito de Dona América.
1852 _ surgimento do povoado de São Pedro que mais tarde tornou-se sede do Município com o nome de São Pedro de Alcântara do Itabapoana; território que foi desmembrado de Cachoeiro de Itapemirim em 29 de Julho de 1887, tendo em vista a distância que o separava da Sede Administrativa, além do patrocínio de destacados elementos locais. De uma vila saltou para uma cidade, tornando-se a sede municipal, agora sendo chamada de Monjardim (05 de Junho de 1891). Em 1º de Março de 1892 o município voltou a chamar-se São Pedro do Itabapoana.
Atualmente, São Pedro que tornou-se um dos distritos que compõem o Município foi tombado como SÍTIO HISTÓRICO pelo Conselho Estadual de Cultura desde 1987. Os interessados poderão conferir casarios, calçamentos e fazendas, num conjunto de construções datadas do século XIX.
Lembramos que neste distrito vem ocorrendo o “Festival de Inverno de Sanfona e Viola” que apresenta-se como o maior evento turístico do município.Durante sua realização a região é visitada por turistas de várias partes do Brasil.Vale conferir.
Já a atual sede do Município, Mimoso do sul, teve o seu início histórico paralelo a São Pedro. Entre seus principais acontecimentos destacamos:
1852 _ Em 11 de outubro de 1852, o Capitão Pedro Ferreira da Silva compra em Campos_RJ a fazenda Vale Mimozo ; registrada no arquivo público em 1865, recebendo a Garantia de Posse pelo Presidente do Espírito Santo, Dr Muniz Freire, em 1896. Esta garantia de posse se faz necessária já que a sede da Fazenda havia se tornado distrito de São Pedro do Itabapoana em 1892.
1930 _ O Brasil está em pleno movimento revolucionário, com a queda da República Oligárquica, iniciando a Era Vargas. Esses movimentos fomentaram um grupo revolucionário local que chefiados pelo Dr Gonçalves Ferreira destituiu o Prefeito de São Pedro e fez dissolver a Câmara Municipal.
Em 02 de Novembro de 1930 uma caravana constituída de 13 caminhões, chefiada pela autoridade do Sr Waldemar Garcia de Freitas trazia de São Pedro os arquivos das repartições públicas da agora antiga sede do município. As várias tentativas junto ao governo Estadual para reverter a situação foram em vão.
É importante sabermos que entre 1865 a 1920, São Pedro vinha registrando decréscimo populacional contra o crescimento de Mimoso que foi favorecido pela estrada de ferro.
A povoação de Mimoso do Sul foi elevada à categoria de cidade em 26 de Novembro de 1930, com o nome de João Pessoa.
Em 13 de Dezembro do mesmo ano a Junta Governativa que era presidida pelo próprio chefe revolucionário é substituída pelo Prefeito nomeado, Sr Pedro José Vieira.
A partir de 31 de Dezembro de 1943, o município passou a chamar-se Mimoso do Sul.
Além da sede Mimoso, o município é composto pelos distritos de Conceição do Muqui, Dona América, Ponte do Itabapoana, Santo Antonio do Muqui, São José das Torres e São Pedro do Itabapoana (sede até 1930).
O nome Itabapoana que acompanha dois distritos mimosenses vem do rio de mesmo nome que é utilizado como limite dos Estados do Espírito Santo com o Rio de Janeiro. Palavra de origem indígena que significa “pedra empinada da aldeia do barulho das águas”. Além de Itabapoana, os índios lhe davam outros nomes, entre eles Managé.
Este nome (Managé) passou a ser utilizado no “Projeto Managé”, criado em 1997, coordenado pela Universidade Federal Fluminense. Participam os Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, num total de 18 municípios. Este projeto tem como finalidade a tomada de decisões que busquem melhorar a qualidade de vida de todos os moradores da região. Lembrando que os 18 municípios que fazem parte do projeto compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Itabapoana.
De 1930 para cá, o município de Mimoso do sul, teve os seguintes prefeitos:Pedro José da Costa, Luiz de Lima Freitas, Jasson Martins (por 2 vezes), Aníbal Ataíde, David Fidalgo, José Fernandes Tâmara, Carlos Figueiredo Cortês, Joaquim Perciano de Oliveira, Rubens Rangel, João Maxmiliano Guarçoni (por 2 vezes), Darcy Francisco Pires, Domingos Guarçoni, Fernando José Coimbra de Resende (por 2 vezes), Pedro José da Costa, Benedito Silvestre Teixeira (por 2 vezes), Ronan Rangel, José Carlos Resende. A esta lista será acrescentado o nome de Flávia Roberta Cysne Novaes, eleita prefeita nas últimas eleições.
A população de Mimoso é formada por descendentes de sírios-libaneses, espanhóis, portugueses, italianos e outros.
O município de Mimoso do Sul escolheu o 2° Domingo de Julho para realizar a “Festa Magna da Cidade”. Inicialmente essa festividade possuía um cunho social-religioso comemorando o aniversário da Paróquia até os 60 anos. O crescimento das solenidades públicas foi tanto que a coordenação paroquial não conseguiu detê-las e a festa tornou-se tradicional e popular, representando atualmente no período onde mimosenses ausentes utilizam para matar saudades de sua terra e rever familiares e os amigos que aqui ficaram.


Agora, as minhas
RETIFICAÇÕES:

1 - A Fazenda Muribeca foi arrematada, em 1777, pelo padre José da Cruz e Silva, e não por Antônio Pereira da Silva; Antônio Pereira da Silva Vianna era cunhado do José da Cruz.
‎2 - A Fazenda Muribeca tinha como limites, embora não demarcados, as serras do contraforte das Torres, abarcando o vale do Rio Preto. Daí em diante, Itabapoana acima, os terrenos eram devolutos. A contribuição dos donos da Muribeca para o povoamento do Itabapoana foi nulo, e inclusive dificultaram o estabelecimento dos primeiros moradores da Barra do Itabapoana.
‎3 - O povoamento de nosso Município não começou no século XVIII, mas sim na metade do século XIX.
‎4 - A garantia de posse da Fazenda Mimoso, em 1892, não foi porque Mimoso havia se tornado sede de Distrito, mas sim porque todas as propriedades, sejam elas posses legítimas ou não, foram obrigadas à regularizar sua situação junto ao Governo do Estado. Isso porque todas as terras devolutas, com a Proclamação da República, tornaram-se patrimônio dos Estados (antes, era do Império - governo central).
‎5 - São Pedro do Itabapoana não perdeu população entre 1865 e 1920. Ao contrário. A cidade de São Pedro cresceu (guardadas as proporções e realidades daquela época) durante quase todo esse período, estagnando apenas na década de 1920. E Mimoso não cresceu logo que chegou a estrada de ferro, em 1895; Mimoso só tomaria grande impulso de crescimento no final da década de 1910, registrando um crescimento extraordinário (para a época) na década de 1920.
‎6 - A palavra "Itabapoana", infelizmente, não significa nada. Sua "tradução" foi levada a efeito por "tupinólogos" do final do século XIX, sem que estes conhecessem a origem do vocábulo. Simplesmente pegaram a palavra e traduziram para o tupi. O nome original, em tupi, do rio, era Camapuan. Os roceiros que se estabeleceram na barra, por corruptela, tornaram Camapuan em Cabapuan, depois em Tabapuan. Camapuan, sim, possui um significado na lingua tupi.
‎7 - Managé foi o primeiro nome do rio, quando o médio e baixo Itabapoana era ocupado pelos goitacases (waitaká). Sua etimologia deve ser procurada nos idiomas do grupo macro-gê, e não no grupo tupi-guarani. O texto não cita, mas a "tradução" que deram para o Projeto Managé" também cometeu o mesmo equívoco cometido acima.

Gerson Moraes França