terça-feira, 17 de novembro de 2009

Como meu interesse pela história de Mimoso começou

Reiterando: o Blog é pessoal, é MEU!
Então, continuarei registrando os fatos que me levaram a essa paixão pela História.

Naquele início, quando a "História entrou na minha vida" (coisa meio religiosa, pois não?), eu me interessava principalmente pela história européia, fosse ela antiga ou moderna. Uns quatro anos depois foi que comecei a pesquisar a fundo a história do Brasil, que passou a ser meu novo objeto principal de estudos.

Na história do Brasil, em seu começo pós-cabralino, estava inserida já a história de meu Estado, o Espírito Santo. Capitania antiga, das primeiras que foram concedidas; acabei por me interessar também, posteriormente, por pesquisar a fundo a sua história. Mas parei por aí; não me interessava ainda pela história de Mimoso do Sul.

Meu interesse pessoal pela história da cidade por mim "adotada" começou, interessantemente, por causa de política... (e os mesmos fatos me despertaram o interesse, também, pela própria política, que não deixa de ser parte de nossa história atual).

O pai de minha madrasta, Domingos Serenari Guarçoni, havia sido Prefeito de Mimoso do Sul na década de setenta. Como todo político, mesmo estando já afastado de candidaturas, ele não conseguia se afastar da matéria.

A primeira coisa que me lembro sobre a "mistura" "Política - Seu Domingos" foi uma tal "sacanagem" que fizeram com ele nas eleições municipais de 1988. Esse assunto eu escutei no final de 1989, mas não dei a mínima importância; eu não entendia, e nem me interessava, por política. Sei que havia um acordo que seria ratificado na Convenção Municipal do PMDB, onde "Seu" Domingos seria candidato à vice-prefeito pelo Partido. Mas, na hora "H", "passaram a perna" nele, e outro foi o candidato escolhido. Mesmo assim, Seu Domingos (vou tirar a partir de agora os aspas do "Seu", pois para mim o nome do meu "avô-emprestado" era "Seu Domingos"), no dia da eleição, sem ser candidato à nada, pegou sua caminhonete amarela e foi pra "roça" angariar uns votos para o PMDB.

Nas eleições municipais seguintes, em 1992, eu já estava mais envolvido. Eu já tinha mais de dezesseis anos, e "mandaram" eu "tirar" meu título de eleitor em Mimoso, para votar no "nosso" candidato. Seu Domingos havia rompido com aqueles que o "sacanearam", e agora estava com a "oposição". No dia das eleições, fomos eu e um dos filhos da Liege, Daniel Guarçoni Martins, com camisetas de campanha e santinhos, fazer "boca de urna" numa seção que ficava na esquina da nossa rua. Mas, à despeito dos nossos esforços, "nós" perdemos as eleições, por pouquíssimos votos.

Nesse mesmo dia, não sei porquê, o candidato derrotado que era por nós apoiado foi para a varanda da casa do Seu Domingos, juntamente com uma série de correligionários, simpatizantes e apoiadores. A casa dele era perto da nossa. Aquela varanda estava lotada de gente; uns se lamentando, outros chorando - o candidato derrotado estava quieto, não falava quase nada. Na comemoração da vitória, foi organizada uma "carreata" pelos eleitores do ex-adverso, e essa carreata passou pela nossa rua. Pararam em frente à casa do Seu Domingos, e começaram à gritar euforicamente, vendo que ali se reuniam os derrotados. Um rojão estourou perto da varanda, e se não fossem as mulheres saírem "machas" de lá clamando para a turba ir embora, pois haviam crianças no recinto, era possível que tivesse rolado uma briguinha, uma vez que os ânimos estavam exaltados de ambos os lados.

A partir desses fatos comecei à me interessar, e me inteirar, sobre política. Lembro-me que ficava às vezes cerca de hora conversando com Seu Domingos sobre essa matéria. Em 1996, "nosso" candidato ganhou as eleições; nessa época, fizemos novamente campanha e "boca de urna". Eu havia votado, em 1992 e em 1996, num candidato da família para Vereador, a para ele também fazíamos campanha (esse Vereador, eleito e reeleito várias vezes, é hoje o Prefeito de Mimoso do Sul). Envolvi-me nisso.

Mas como a política me fez tomar interesse pela história de Mimoso do Sul? Simples: Seu Domingos era parte dessa história. Quando eu conversava com ele sobre política mimosense, estava escutando a história viva, o testemunho de quem a presenciou e também de quem a fez. Comecei à colher e anotar os relatos, primeiro de Seu Domingos, depois de outras pessoas mais velhas da cidade. Igualmente, comecei à procurar livros e documentos que tratavam da história de Mimoso do Sul; e, também, comecei à "juntar" tudo que se "produzia" em Mimoso no presente, como os jornais e folhetins, boletins informativos e até prospectos das festas da cidade. Era uma forma de eu ajudar a documentar, para a posteridade, a história da cidade que adotei como minha.

3 comentários:

  1. Gerson, A D O R E I !!!
    eu me interesso muito por nossa história, acho que realmente não podemos deixar morrer pequenos detalhes que normalmente se perdem com o tempo. Pretendo continuar acompanhando seu relato.
    Um abraço
    Beatriz Mignone

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  2. Gerson França parabéns pelos textos; fiquei muito emocionada quando tentava localizar uma grande amiga e encontrei seus artigos sobre Mimoso do Sul. Eles elém de estarem bem escrito, transmitiram bem o carinho que voce tem pelas pessoas que passaram a ser tb a sua família.Sou de família Capixa ( o lado paterno), vou ao ES duas vezes ao ano, já estive em Mimoso a alguns anos(15 anos) procurando a minha amiga Liege e foi a útima vez que a vi.Foi a minha melhor amiga no curso de Nutrição da UFF em Niterói.Realmente ela é especial, pena que some e não da notícias. Todas as vezes que estou em Guarapari ou Vitória fico esperando encontra-la por acaso.Se puder fazer o favor de pedir que ela se comunique comigo ,ficarei muito grata,Meu nome é Angela Monteiro (Anginha na Faculdade), meu email é angelamonteiro@oi.com.br, tb estou no facebook
    Um abraço Angela

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