terça-feira, 29 de setembro de 2015

São José das Torres - Histórias [Parte 8]

Rua da subida da Capela, São José das Torres, em meados do século XX
Fonte da foto: Entre Torres [www.facebook.com/entretorresfilme]

Nos artigos anteriores, falamos de pessoas que tomaram parte no início da história de São José das Torres, como seus primitivos povoadores e suas primeiras autoridades. Falamos também da construção da Capela de São José, da formação do povoado da Capelinha e da criação do distrito das Torres em 1901. Falamos da abertura de picadas e da construção de estradas. Agora, vamos começar a falar sobre alguns dos acontecimentos políticos que ocorreram nesses primeiros tempos.

Quando, entre 1890 e 1895, foram formadas as primeiras propriedades cafeeiras em Rio Preto das Torres, uma família se destacou no cenário político da região: Os Camargo. O capitão Manoel Corrêa Camargo tornou-se o "chefe político" da região. Foi ele o principal benemérito da construção da Capela de São José, em terrenos por ele doados, sendo portanto um dos principais responsáveis pela criação do distrito de São José das Torres em 1901. Em 1906, tornou-se "oficialmente" o representante de São José das Torres no diretório político municipal do Partido Construtor (então no poder, tanto no Estado quanto no município, conforme narrado), sedimentando sua posição de líder político distrital.

Alguns de seus parentes exerceram função de destaque em Torres. O tenente Euclydes Moreira Camargo foi o primeiro vereador com residência no distrito, sendo eleito para a legislatura de 1904 a 1908, por indicação do capitão Manoel Camargo. Eugênio Ribeiro Camargo, também por indicação do capitão Manoel, foi oficial do registro civil no primeiro Cartório criado no distrito, em 1905, e neste mesmo ano tornou-se o primeiro professor público municipal no povoado da Capelinha.

Euclydes Camargo, depois de exercer o mandato de governador (vereador) municipal, foi nomeado funcionário da Coletoria de Ponte do Itabapoana, e tornou-se muito ligado ao Administrador da Mesa de Rendas da mesma localidade, o coronel José Olympio de Abreu, do qual o capitão Manoel Camargo também era aliado. Em 1910, já agrimensor, fiscalizou as obras das estradas que estavam sendo construídas na região, ligando-se muito ao Presidente (governador) Jerônimo Monteiro (governou o Estado entre 1908 e 1912), que sustentava a política do coronel José Olympio em Ponte do Itabapoana. Em 1911, Euclydes tornava-se funcionário efetivo da Diretoria de Agricultura do Estado. Mudando-se depois para a capital do Estado, iniciaria uma brilhante carreira na repartição, que se encerraria somente com sua morte, em 1931. Eugênio Camargo, todavia, permaneceria residindo no distrito das Torres por toda a sua vida, cuidando do Cartório e dando aulas na escola pública municipal; mas não se envolveu ativamente em disputas eleitorais.

O segundo vereador "torrense" foi Antônio Rolim Nunes de Azevedo, eleito para a legislatura de 1908 a 1912, também com o beneplácito do capitão Manoel Camargo. Afastando-se da política após concluir o mandato, dedicou-se aos negócios. Mantinha ligações com Mimoso, aonde tinha sede a firma Rolim Moreira & Cia, da qual era sócio juntamente com o filho (o poeta Lauro Rolim) e com Nilo Alves Moreira. Mas, em 1926, a saída de Nilo Moreira da sociedade prejudicou sua empresa, que acabou falindo em 1928. Em 1931, conforme dissemos em artigo anterior, sua família mudou-se para o Estado do Rio de Janeiro.

Após a legislatura que terminou em 1912, considerando a mudança da conjuntura comercial de Torres, que ligou-se à Muqui, o distrito deixou de ter representantes na Câmara Municipal de São Pedro do Itabapoana. O "esforço" das principais lideranças políticas de São José das Torres para integrar o "projeto muquiense" de comunicações e comércio foi retaliado pelas lideranças de São Pedro do Itabapoana. O Capitão Manoel Camargo continuou exercendo importante influência no distrito, mas foi se afastando da politica. O diretório municipal do Partido Republicano (que absorveu o antigo Partido Construtor) de São Pedro "isolou" os políticos de Torres, situação que se manteria até a década de 1920, quando novas lideranças apareceram no cenário, e sob uma nova conjuntura. Mas isso narraremos mais adiante.

Antes, vamos encerrar os "fatos políticos" dessa época, e iniciar a narrativa dos primeiros "causos" políticos desses tempos. Assunto para o próximo post.


Gerson Moraes França


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