Em tempo de celebração da reedição do livro de poesias "Frauta Agreste", da poetisa Maria Antonieta Tatagiba, segue abaixo uma pequena resenha que fiz tratando celeremente de alguns momentos da sua vida. Eu havia tecido essa curta biografia em apenas duas horas, há uns poucos meses atrás e no ano passado, a pedido de um amigo; mas este amigo acabou não a utilizando. Para não se perder em algum canto de HD ou pen-drive, aqui publico.
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PEQUENA RESENHA BIOGRÁFICA
MARIA ANTONIETA TATAGIBA
Maria Antonieta nasceu no dia 17 de setembro de 1896 na
Fazenda União, em São Pedro de Itabapoana, Espírito Santo. Segunda filha do
comerciante Arthur Antunes de Siqueira e de dona Maria Rita de Castro Siqueira,
residentes em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. A primeira filha do casal,
Zulmira, nascida em Campos no ano de 1895, falecera em 16 de abril do ano
seguinte, antes de completar seu primeiro ano de idade e quando Maria Rita
estava grávida de quatro meses. Talvez por esse motivo esta última tenha ido
para a fazenda União, de seu pai José Antônio de Castro, para passar os meses
restantes de sua gravidez junto de sua mãe dona Maria Cândida.
Nascida são-pedrense, Maria Antonieta cresceu em Campos. Arthur
era natural do Estado do Rio, e dona Maria natural de São Pedro do Itabapoana.
Ambos se casaram em São Pedro e lá se estabeleceram inicialmente, mas logo
mudaram-se para a grande cidade do norte fluminense. Campos, em finais do
século XIX e início do século XX, era a maior cidade do Estado do Rio de
Janeiro. Mais rica e pujante do que as maiores urbes do Espírito Santo de
então. Arthur era um comerciante bem sucedido, e Maria Antonieta estudou em
bons colégios, como o conhecido Liceu de Humanidades de Campos.
O destino, porém, interferiu na trajetória de Maria
Antonieta. Em fevereiro de 1911 o seu pai Arthur faleceu, deixando viúva sua
mãe Maria Rita com duas filhas pequenas: nossa biografada e sua irmã Elvia
Celeste, nascida em março de 1906. Assim, sem muitas alternativas, foram morar
na fazenda União, em São Pedro do Itabapoana. E, nessa nova fase, Maria
Antonieta começa a lecionar enquanto concluía seus estudos. Ministrou aulas em
Mimoso, distrito do município de São Pedro, antes de terminar em 1916 o Ginásio
do Espírito Santo. No ano seguinte, correu atrás de um sonho: ingressou no
curso de Farmácia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Mas as
vicissitudes da vida determinaram-lhe outros caminhos. Retornou para São Pedro,
onde continuou a lecionar e a participar ativamente da sociedade local e,
também, a dedicar-se a uma atividade que a eternizaria: as letras.
Em 1922 Maria Antonieta casou-se com José Vieira Tatagiba,
um calçadense bacharel em Direito então promotor-público da Comarca de
Itabapoana. E, a partir de então, passou a assinar o sobrenome com o qual foi
reconhecida sua vida e obra: Maria Antonieta Tatagiba. Maria Antonieta ocupou,
dentre outras atividades, a gerência do jornal A Semana, órgão de imprensa local,
entre 1926 e 1927. Atuou ativamente nos meios literários do Espírito Santo,
publicando sua obra de poesias, Frauta Agreste, em 1927. Suas posições e ideias
feministas contrastam com a época em que viveu, demonstrando que vivia a frente
de seu tempo.
Com José Vieira teve quatro filhos: Maria do Carmo, Ruy, que
faleceu em tenra idade, Stael e Geraldo. Em meados de 1927 adoeceu, buscando
tratamento em Campos e no Rio de Janeiro. Debalde. Após dois meses de
tratamento hospitalar, Maria Antonieta voltou para São Pedro do Itabapoana,
onde encontrou a vida eterna em 13 de março de 1928.
Nossa festejada poetisa, nascida no interior, cresceu na
cidade. Ao retornar para o torrão natal, seu olhar de moça de cidade enxergou a
beleza e o bucolismo do interior. Maria Antonieta cantou o interior. Fez de São
Pedro, poesia.
Gerson Moraes França