domingo, 13 de dezembro de 2009

Heróis que Preservam e Resgatam nossa Memória

Mimoso do Sul tem uma particularidade interessante: não temos nenhum livro, específico, que trata da história local. Nenhum autor ainda se aventurou a escrever uma obra especificamente sobre a história geral do Município. Temos, é certo, vários artigos e livros que trataram de pedaços de nossa história, e alguns pesquisadores que se esforçam por resguardar nossa memória. Este é um trabalho valioso e louvável, pois esses artigos, revistas, folhetins, monografias, biografias e livros de memória acabam se tornando o registro de nossa historiografia.

Sobre o atual Distrito de São Pedro do Itabapoana, outrora sede de Comarca e de Município que abarcava os territórios do atual Município de Mimoso, e que inclusive teve foros de Cidade, já se escreveram alguns trabalhos. O primeiro deles é o clássico "História do Antigo Município de São Pedro do Itabapoana, Estado do Espírito Santo - Páginas de Nossa Terra" escrito por Grinalson Medina e publicado em 1961. Posteriormente, Olympio de Abreu pesquisou e escreveu uma série de artigos históricos sobre São Pedro e Mimoso, mas que nunca foram reunidos em obra; seus escritos, porém, serviram de referência e foram amplamente utilizados em praticamente todas as publicações posteriores que trataram de nossa história local. O termo "Refluxo das Bandeiras", por exemplo, foi criado por Abreu para cognominar o movimento de mineiros e fluminenses que vieram, no século XIX, ocupar o vale do Itabapoana.

Ainda sobre São Pedro, algumas outras obras de relevância foram produzidas, principalmente a partir da década de oitenta, mas geralmente circunscritas aos meios acadêmicos em forma de monografias, teses e dissertações de curso. Foram confeccionadas na época do tombamento do Sítio Histórico, e mais tarde na época da criação do Festival de Sanfona e Viola. Dentre as mais importantes obras acadêmicas, temos a Monografia escrita por Jacqueline Monteiro de Barros Silva e Jaquelini Loureiro Del Puppo, intitulada "Tombar é Preservar? Caso de São Pedro do Itabapoana", publicada em 1987; a escrita por Maria Lúcia Teixeira Garcia em 1988 - "Século XIX: O Refluxo das Bandeiras e a Ocupação do Vale do Itabapoana"; e a mais recente "Patrimônio Construído, Cultura e Identidade - Projeto de Preservação e Requalificação do Sítio Histórico de São Pedro do Itabapoana-ES", escrita por Jean Carlo da Silva Pereira em 2006.

Outro importante autor que se dedicou à escrever sobre São Pedro foi Milton Teixeira Garcia, "herdeiro" dos arquivos de Grinalson Medina, tendo publicado juntamente com Maria Lúcia Teixeira Garcia a obra "O Vale do Itabapoana e a História de São Pedro do Itabapoana e São José do Calçado" em 1997. Embora tenha "herdado" os valiosos arquivos de Medina, Milton e Maria Lúcia se aprofundaram e pesquisaram em fontes primárias, trazendo importantes elementos novos para nossa historiografia.

Atualmente, as mais importantes referências sobre a historiografia mimosense são os pesquisadores Rosângela Marques Guarçoni (primeira Secretária de Cultura da história de Mimoso) e Pedro Antônio de Souza (principal responsável pelo tombamento do Sítio Histórico de São Pedro). Ambos possuem rico acervo de fotos e documentos, tendo produzido artigos publicados em livretos e folhetins locais, como o já considerado clássico "São Pedro do Itabapoana Revive", publicado por Pedro Antônio em 1987, e os vários prospectos publicados por Rosângela, como o da "Feira dos Distritos" em 1992.

Parte de nossa história também foi preservada em livros de memórias, como os de José Arrabal Fernandes (Mãos de Médico - Histórias de uma Vida, 1993) e de Leonor Pereira Cheibub (Ternuras do Passado, 1996), além de biografias como a de Stênio Garcia, escrita por Rosângela Guarçoni (Trilhas... Pegadas no Palco e Pegadas na Vida: Stênio Garcia, 2002). Sem falar no romance histórico "Gonçalo Pé de Mesa", escrito por José Arrabal Fernandes e publicado em 1983.

Há vários outros nomes que não podemos deixar de aqui citar, como o de Roberto Brochado Abreu, Renato Pires Mofati, Carlos Miranda de Castro, Gilberto Braga Machado, Alci Santos Vivas, todos mantenedores de nossa memória através de seus trabalhos e escritos históricos. Espero não estar esquecendo de ninguém. E - por que não? - este que vos escreve (eu mesmo!); também já contribuí um pouco com nossa historiografia escrevendo artigos históricos para o jornal local "Acontece", e agora tento contribuir com o presente Blog.
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O MAIS NOVO TRABALHO SOBRE SÃO PEDRO
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E, coroando a nossa coleção de obras escritas, foi publicado recentemente o livro "São Pedro do Itabapoana: Patrimônio, Memória e Identidade Sul Capixaba", escrito por Marcelo Pedrosa Pereira em 2009, cuja capa segue na foto ao lado. Confeccionado originalmente como Monografia em tese de Mestrado, foi agora transformado em livro, enriquecendo a historiografia que trata de São Pedro do Itabapoana.
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Em sua obra, valeu-se de boa parte de nossa bibliografia existente, coletando também uma série de depoimentos orais em entrevistas pessoais. Focou-se com muita propriedade nas questões acerca do resgate da memória e do renascimento das tradições locais.
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Embora cometendo os "vícios históricos" que estão de certo modo sedimentados na bibliografia e na historiografia mimosense e são-pedrense, advindas de pequenos equívocos passados através das últimas gerações e "gravados" na memória popular e nos poucos trabalhos escritos, tal fato de modo algum desvirtua o livro. A obra é muito elucidativa e bem formulada, e é excelente na matéria focada. Certamente a recomendamos ao leitor.
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E, a título de curiosidade, o autor Marcelo Pedrosa Pereira é neto de Hailton Oliveira Pedrosa, nascido e criado em São Pedro do Itabapoana, sendo também bisneto de Antônio Perciano de Oliveira e trineto de Manoel Pereira Pedrosa, este um dos primeiros moradores do então primitivo Arraial de São Pedro de Alcântara do Itabapoana, que foi fundado no ano de 1852 em terras de Manoel Joaquim Pereira.
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Gerson Moraes França

2 comentários:

  1. Caro Gerson! Fico muito feliz em perceber seu amor por nosso querido Mimoso do Sul. Adorei seu texto, muito importante para todo aquele que realmente se interessa por este pedacinho de chão, que não é o melhor lugar do mundo para se viver, mas com toda certeza o mais tranquilo, o mais nostálgico e o mais simpático! Muito obrigado pela lembrança de meu nome, sou um saudossista por natureza, e vez ou outra passo para o papel aquilo que acho interessante. Um abraço do Renato Pires Mofati

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  2. Caro Renato,
    Não podemos citar as pessoas que amam nossa Mimoso, e ajudam à preservar nossa memória, sem tocar fatalmente no seu nome! =)
    Nós somos poucos, mas somos combatentes e persistentes!

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