segunda-feira, 31 de maio de 2010

Futebol e História - III - Cachoeiro de Itapemirim

Após escrever o "Futebol e História - I" e o "Futebol e História II", vamos agora falar um pouquinho sobre aquela informação que passei à Lucimar Fernandes Machado em 2002. Embora tenha ele sido a única pessoa que me creditou como fonte, no site do Cachoeiro Futebol Clube, o dado que encaminhei foi muito sucinto, e basicamente é o que está no seguinte texto abaixo:

"A primeira partida realizada entre ambos os clubes [Cachoeiro e Estrela] ocorreu no mês de abril de 1916 e o resultado foi 0 a 0".

Naquela época, tantos dados de pesquisas históricas por mim feitas tinham sido utilizados sem citar a fonte, que eu pensava sempre duas vezes antes de compartilhar algo que eu tinha "garimpado". Enviei então apenas o mês e ano, e o resultado, da primeira partida de futebol disputada entre o Cachoeiro FC e o Estrela do Norte FC.

Hoje, folheando um dos meus "caderninhos", achei a data específica da partida:
Domingo, dia 02 de abril de 1916;
Empate de 0 x 0, o primeiro jogo entre os dois clubes.

Ao lado segue uma anotação minha:
"Uma semana depois: novo 0 x 0 - anotar elencos outro dia".


Como pesquisei todos os jornais do Estado disponíveis no Arquivo Público referentes ao ano de 1916, por causa da "guerra civil capixaba" do mesmo ano (chamada hoje de "Revolta do Xandoca"), é bem provável que eu tenha a anotação dos nomes dos jogadores que disputaram essa partida em algum lugar, embora só possa eu afirmar após "re-garimpar" meus bagunçados arquivos. De todo modo, caso eu não tenha anotado, com a data fica muito mais fácil encontrar os dados.

Também é importante registrar uns dados curiosos, referentes ao nascente futebol cachoeirense. Cachoeiro FC e Estrela do Norte FC foram fundados, ambos, em janeiro de 1916. Mas, em 1915 e em 1916, antes da fundação dos clubes supra aludidos, já tínhamos partidas de futebol envolvendo clubes na cidade. Abaixo ficam registradas duas delas, disputadas entre Cachoeiro Sport Club e Paineiras Football Club, embora eu não possua o resultado das mesmas:
19/12/1915 e 02/01/1916

Esse Cachoeiro SC já não existia mais no início dos anos vinte, e é bem provável que, com a fundação do Cachoeiro FC e do Estrela do Norte FC em 1916, não tenha ele passado desse último ano, embora ainda me faltem subsídios para assim afirmar. Quanto ao Paineiras FC, parece ter mantido atividade somente até 1919. Fato é que em abril de 1924, quando foi fundado o Norte Cachoeirense Football Club, haviam em atividade na cidade de Cachoeiro de Itapemirim somente mais outros três clubes: o Sport Club Brasileiro, o Cachoeiro Football Club e o Estrela do Norte Football Club.

Gerson Moraes França

Futebol e História - II

Por que escrevi o post anterior?

Bom, quando se juntam a paixão por história e a paixão por futebol, obviamente que nasce aí algo como uma paixão pela "história do futebol". Como minhas pesquisas mais aprofundadas no campo da história capixaba só começaram a partir de 1997, exatamente na época que minha "loucura insana" por futebol estava em crescente declínio, acabei tendo um período que vai mais ou menos de 1997 a 2001 onde eu pesquisei muito a história do futebol no nosso Estado. Dias atrás, lendo um de meus "caderninhos de pesquisa", deparei-me com várias anotações que fiz sobre futebol espírito-santense.

Essa também foi a época que comecei a tomar contato com a Internet; primeiro na Universidade, a partir de 1998, e depois na Prefeitura de Vitória, onde trabalhei de 2000 a 2005. Só tive computador com internet em casa no ano de 2001, usando aquelas conexões discadas, depois da meia-noite, porque cobravam apenas um pulso; que alegria era escutar aquele barulhinho de quando se estabelecia a conexão!

Pois saibam vocês que fui um dos primeiros capixabas (olha, talvez até o primeiro) a fazer um site com dados sobre nosso futebol, elencando todos os campeonatos, campeões, participantes, etc, e disponibilizando essas informações na rede mundial. Isso foi no ano de 2000; meu site recebia e-mails todos os dias, com perguntas e/ou elogios. Minha intenção era apenas a de colocar os dados lá, disponíveis para todos que quisessem. O site tinha o nome de "Futebol Capixaba", e ficava hospedado no antigo Geocities.com. Lembro que na época tive que cadastrar o site no portal de buscas "Cadê", que era o que todos por aqui usavam naqueles tempos. Uns poucos meses depois, "meus dados" já estavam sendo usados em vááááários sites que tratavam do futebol capixaba. Inclusive em alguns "profissionais"; deixei de atualizá-lo, então, até que ele "sumiu no ar" quando o Geocities fez sua primeira "limpeza".

Até hoje o meu nome está, inclusive, elencado dentre os que colaboraram com dados para o site do Cachoeiro Futebol Clube. Salvo engano, foi em 2002 quando forneci algumas poucas informações à Lucimar Fernandes Machado, um dos que eram os responsáveis pelo soerguimento do clube cachoeirense. Foi o único que me prestou reconhecimento, nominalmente, e por isso fiquei muito orgulhoso e honrado - nesse mundo WWW, muitos copiam e poucos dão os créditos à quem confeccionou. Alguns chegaram até a me perguntar, via e-mail: "o que você é? jornalista? dirigente?"; quando eu respondia "estudante universitário", davam-se por satisfeitos e copiavam as infos sem dar o menor crédito... apesar de eu não ligar à ponto de querer processar alguém por plágio, isso certamente me desestimulou, na época, a continuar desenvolvendo e atualizando o site. Afinal, gradativamente chegavam os "profissionais" na rede, enriquecendo a Web de informações mais atualizadas e com sites mais dinâmicos.

Futebol e História - I

Durante muito tempo fui um aficcionado por futebol; não, aficcionado não: fanático (no sentido mais louco que possa existir) por futebol. Eu torcia loucamente pelo Flamengo, pela Desportiva, pelo Mimosense. Não era simples paixão; era loucura mesmo. Eu acompanhava todos os campeonatos, desde o estadual acreano ao nacional ucraniano. Sabia de "cor" as escalações de todos os principais clubes brasileiros e estrangeiros. Eu mantinha um arquivo sobre o campeonato capixaba, e conhecia cada clube do nosso Estado. Fazia estatísticas, e inclusive conseguia eu acertar, aproximadamente, o público pagante das partidas antes mesmo dos jogos acontecerem. Meu sonho era ser jornalista esportivo, e cheguei à começar o curso de Comunicação Social na UFES (fiz apenas um ano de curso, abandonando-o para ingressar no curso de Direito, também na UFES).

Naqueles tempos que durou minha loucura, entre os anos de 1989 e 1999, aproximadamente, eu adquiria tudo que era publicado sobre futebol; ainda tenho toda a coleção da revista PLACAR no período, e comprava quase sempre o Jornal dos Sports (aquele rosinha). Acompanhava as transmissões de partidas pelas rádios, em ondas curtas! Assim, eu podia acompanhar os campeonatos argentino, português, espanhol, mineiro, gaúcho, pernambucano, paulista, etc. Escutava as transmissões em português em ondas curtas de rádios da França, Inglaterra, Alemanha e, pasmem, até da Rússia!

Sim, sem falsa modéstia, eu era um verdadeiro prodígio no "estudo do futebol"; porque, em campo, sempre fui meio "perna-de-pau", acertando o pé na zaga após muito esforço para ao menos jogar "medianamente", após uma experiência como goleiro. Fui um bom goleiro, porém: titular do time do meu prédio durante um ano e, por incrível que pareça, fui reserva do goleiro Pierre no time do Salesiano de futebol de salão, durante dois meses; até que tomei um bolaço na cara que quebrou meus óculos no meio (sim, eu agarrava de óculos, amarrados com um cadarço em torno da cabeça). Abandonei a "carreira" de goleiro definitivamente após uma derrota de 9 x 0 que o time do Serrat/Real (meu prédio) sofreu para o "Castelamare", começando então a "carreira" de "zagueiro-que-mete-medo-porque-pode-te-quebrar-sem-querer".

Meu pai, Maerson David França, fui um grande jogador de futebol em sua infância e adolescência. Jogou no Fluminensinho e no Álvares, ambos no futebol de salão. Meu irmão emprestado, Daniel Guarçoni Martins, também era um craque no futebol, sendo sempre o primeiro a ser escolhido quando começávamos a divisão dos escretes. Talvez por isso que eu acabei me aficcionando tanto pelo "estudo do futebol"; para impressionar meu pai, mesmo que inconscientemente, acabei me tornando um "expert" em "futebol-teoria". E o fato é que acabei me apaixonamendo pelo futebol.

Minha loucura por acompanhar insanamente o esporte foi diminuindo após 1996, quando comecei a namorar Larissa Cysne, que se tornaria minha esposa. Nos primeiros anos de namoro, ela sabia que domingos eram "dia de futebol", e que nem adiantava marcar nada; com o tempo, porém, fui acalmando a minha "doideira futebolística", e passei à acompanhar os campeonatos e clubes como uma pessoa "normal". Hoje, se me perguntarem qual é a escalação completa do meu clube do coração, o Flamengo, não saberei responder, embora eu acompanhe os jogos.

Tenho que manter certa distância, pois dizem que os ex-drogados que se curaram não podem nem chegar perto da droga, para não ter uma recaída. =)

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Folclore Político - Mimoso do Sul

O jornalista e político Sebastião Nery escreveu, a partir de 1973, vários volumes do livro intitulado "Folclore Político"; o último dos volumes (os quatro primeiros são datados de 1973, 1976, 1978 e 1982) , "Folclore Político - 1950 histórias", foi publicado em 2002. Na mesma linha, Cláudio Humberto Rosa e Silva, que inclusive afirma que coube à Nery a criação da expressão folclore político, escreveu o livro "Poder sem pudor: histórias de folclore, talento e veneno na política brasileira", publicado em 2001.

No quarto volume do livro de Nery, publicado em 1982, há relato de um episódio acontecido em uma sessão da Câmara Municipal de Mimoso do Sul. Esse acontecimento também está no livro de Nery publicado em 2002, além de também estar contemplado do livro de Rosa e Silva, de 2001.

Assim está narrado por Nery:
Na Câmara Municipal de Mimoso do Sul, Luiz Carlos da Silva, líder do PMDB, discutia com Jayme da Rocha Nogueira, líder do PDS, por causa do Prefeito Pedro Costa, também do PDS. Luiz Carlos atacava o líder do prefeito:
- V. Exa. é um teleguiado, sem personalidade. Só cumpre ordens.
- Sou líder. E o líder tem de dizer o que o Executivo pensa.
- Critico o comportamento de V. Exa., por ser um homem de recados, o robô do prefeito.
- Senhor vereador, até agora discutia com V. Exa. porque não me sentia agredido. Agora, V. Exa. vai ter de provar a esta Casa quando é que eu roubei do prefeito.
A sessão acabou.
Rosa e Silva narrou como se segue:
O vereador "roba"
- Você é um teleguiado, um pau-mandado!... - acusou o vereador Luiz Carlos da Silva (PMDB), num bate-boca com o líder do prefeito de Mimoso do Sul (ES) na Câmara Municipal, Jayme Nogueira (PDS).
- Líder tem que dizer o que o Executivo pensa - defendeu-se Nogueira.
- ... um robô do prefeito - insistiu o adversário.
- O quêêêê?! - queimou-se o líder - agora você me ofendeu e vai ter que provar o que eu roubei do prefeito!
Encontramos na web algumas variações dessa história, todas na mesma vertente, como a que se segue:
O Vereador "Robô"
Os vereadores Luiz Carlos da Silva e Jayme Nogueira batiam boca, na Câmara Municipal de Mimoso do Sul (ES). Oposicionista, Silva acusava Nogueira, líder da bancada do governo, de ser apenas “um homem de recados” do prefeito. A discussão transcorria civilizadamente até quando Luís Carlos o chamou de “robô do prefeito”. Jaime se queimou:
– Até este momento eu não me sentia ofendido, mas agora V. Exa. vai ter que provar quando é que eu roubei o prefeito!

BIOGRAFIAS

Jayme da Rocha Nogueira foi Vereador em Mimoso do Sul em seis legislaturas. Foi eleito em 1958, 1966, 1970, 1972, 1976 e 1982. Foi o mais votado nas eleições de 1970, e era o edil mais idoso nas legislaturas de 77/82 e 83/88; faleceu no exercício do mandato durante essa última legislatura, em 1986. De espírito combativo, protagonizou várias discussões políticas de grande importância e expressão. Após seu falecimento, foi homenageado pela Câmara Municipal, que deu o seu nome ao Plenário da Casa, Plenário este que foi palco para o exercício de suas palavras.

Luiz Carlos da Silva foi eleito Vereador em Mimoso do Sul em 1976 e 1982. Foi o edil mais votado nas eleições de 1982. Também de espírito combativo, foi umas das vozes mais ativas no Plenário da Câmara. Por sua posição firme, foi perseguido, e quase teve o mandato cassado em 1979, quando exercia ativamente a liderança da oposição. Foi Secretário municipal entre 1993 e 1996. Atuando sempre na luta pela defesa dos interesses dos proprietários, lavradores ou criadores, atualmente é o Presidente do Sindicato Rural de Mimoso do Sul.

A rivalidade entre ambos foi mais do que folclórica; foi histórica. Fruto das posições que ocupavam: um era o líder da ARENA, depois PDS, e o outro era o líder do MDB, depois PMDB.

Continua mais tarde, em EDIT.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

13 de Maio - Extinção da Escravidão



Paço Imperial no dia da sanção da Lei Áurea







No dia 13 de maio de 1888 foi sancionada a Lei n.º 3.353, após poucos dias de discussão e votação do projeto, tanto na Câmara quanto no Senado. Protocolizado na Câmara no dia 08 de maio, foi votado nesta casa em dois turnos, nos dias 09 e 10 de maio; a primeira votação foi pela aprovação (83 sim, 9 não), e a segunda foi unânime, por aclamação. No dia 11 de maio o Senado recebeu o projeto que vinha da Câmara, discutindo e votando-o em dois turnos, sem emendas, nos dias 12 e 13 de maio - houve apenas 1 voto contrário. Neste mesmo dia o projeto aprovado foi enviado para sanção imperial, e sancionado pela Princesa Imperial Regente, Dona Isabel. A Lei foi publicada no Diário Oficial de 14 de maio de 1888, e ficou conhecida como "Lei Áurea".

O texto era bem lacônico e direto, sem prever regulamentos ou indenizações para a sua execução:
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, (...)
Na época de sua publicação, ainda havia no Brasil cerca de 700 mil escravos, e seu número caía ano após ano. Desde 1850 a importação de escravos havia sido proibida, e desde 1871 os filhos de escravos nascidos após esta data eram livres; neste último ano, havia 1 milhão e 600 mil escravos no país.

Nas terras do atual Município de Mimoso do Sul, então São Pedro do Itabapoana, não haviam mais escravos quando a Lei Áurea foi sancionada e publicada. O texto que trata da matéria pode ser lido neste LINK.

Gerson Moraes França

domingo, 9 de maio de 2010

Cinco meses de BLOG

No dia 17 de novembro do ano passado "inauguramos" o presente BLOG. A partir do dia 09 de dezembro, começamos a fazer a contagem dos acessos e das páginas visitadas. Desde então, e até agora, nosso BLOG recebeu a visita de 1.745 pessoas diferentes, que visualizaram 4.820 páginas. A média de tempo que cada visitante ficou no BLOG foi de 9:40 minutos.