Certa feita e faz muitos anos, acho que na Biblioteca Pública Estadual, tive acesso à obra "Crônicas de Cachoeiro", do renomado autor Levy Rocha. O livro trata, em formato de crônicas, de várias passagens da história de Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo. Apesar do formato, o trabalho era fundamentado, na maioria das informações, com fontes primárias. Não sei se seria considerado, hoje, um "trabalho científico historiográfico"; mas a narrativa, fulcrada na seriedade, metodologia e preocupação histórica do autor, ficou maravilhosa: história regional séria, confiável e, melhor, gostosa de se ler.
Quem começou a fazer história regional de Mimoso do Sul usando de um formato parecido, mas com verve toda própria, foi nosso maior cronista contemporâneo, Gilberto Braga Machado. Inspirado em ambos, e tentando resolver um problema "logístico" (a escrita da história demanda muito tempo, e sua publicação é difícil e onerosa), resolvi tentar fazer o mesmo. A crônica me permite tratar da história de Mimoso do Sul sem a rigorosa (e necessária, reconheço) metodologia científica historiográfica. Posso escrever para quem lê, e fazer o que mais desejo: divulgar uma história séria e comprometida com a documentação primária de forma mais agradável e palatável ao leitor. Afinal, penso, é preciso difundir o conhecimento. Guardá-lo para si não faz muito sentido.
Assim, em meus próximos escritos, tratarei da história de Mimoso do Sul em crônicas que, espero, não sejam (muito) massantes. Será, todavia, um trabalho sério; mesmo que falhe na citação das fontes que fundamentam as assertivas, posso a qualquer momento trazê-las para provar minhas teses e comprovar os fatos. Demorei anos, mas cataloguei, em meus arquivos, cada uma delas. É também preciso registrar: conforme aprendi em Metodologia e Teoria da História, na UFES, fiz a crítica de todas as fontes, comparando-as, analisando-as, compreendendo o geral e o específico, dentre outros afazeres metodológicos que são obrigação para o historiador sério e comprometido.
Minhas pesquisas sobre a história de Mimoso do Sul, São Pedro do Itabapoana, do sul espírito-santense e do Espírito Santo em geral, já duram vinte anos e provavelmente vão durar tantos anos quantos ainda restam-me no mundo. É um vício apaixonante e um tesão incontrolável que me move. Inexplicável. E espero que seja útil de alguma forma. Ou, no mínimo, que seja uma leitura agradável aos que gostam de história regional.
Gerson Moraes França
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