Uma das boas coisas de se escrever crônicas históricas é a liberdade de contar a história em diferentes recortes temporais ou espaciais, sem seguir, necessariamente, um roteiro ou uma sequência lógica. Posso falar sobre um distrito, depois falar sobre algum acontecimento relevante, dar seguimento com os primórdios, e terminar falando de uma personalidade. Posso tratar de um fato específico e depois fazer análises de cunho macro. Não há regra que não seja a da seriedade com o meu trabalho e a busca pela veracidade (tanto quanto for possível) das informações, bem como a busca por fazer o leitor compreender e entender o processo histórico que, com rupturas e continuações, deu no que conhecemos e vivemos hoje.
Outra coisa boa é que posso usar dessa plataforma de internet para iniciar um trabalho historiográfico científico, visando uma futura e difícil publicação. Aqui difundo minhas pesquisas e propago o conhecimento, enquanto vou organizando, usando dos textos, uma obra que possa ser classificada como de História. Mas desde já aviso: essas crônicas não são memorialistas: são historiográficas. Nada do que aqui colocarei foi inventado ou imaginado por mim. E todas as presunções, quando e se houver, são fundamentadas em análises que venho executando, com muito critério, há anos. Aqui não haverá "achômetro" nem versões resgatadas de antigos sem a devida contextualização no tempo e no espaço; afinal, memórias são fonte, mas são falhas e precisam ser muito, muto bem analisadas, para que possam ser aproveitadas.
Por fim, não sou um teimoso imaleável. O bonito da história é a sua dinâmica. A "descoberta" de novos documentos podem reverter todo um entendimento ou uma versão. Ao historiador cabe essa frequente busca, essa revisitação e (re)construção da história. Não me entendo como o senhor da verdade, mesmo que aqui fundamente todos os fatos e versões com documentação rigorosamente analisada. Não sou monolítico a ponto de defender teses indefensáveis à luz de novas informações relevantes e confiáveis. A história está em frequente edificação. E é dessa edificação que não desejo, nunca, me afastar.
Gerson Moraes França