Por Gerson Moraes França
São Pedro do Itabapoana. Outrora com foros de cidade, atualmente tombada como patrimônio histórico do Estado e anfitriã de famoso festival de sanfona e viola. Foram esses os dois principais marcos da celebração de São Pedro como sítio histórico. O tombamento em 1987 e o festival em 1998. E, desde então, muito se falou sobre São Pedro.
Desde que me interessei por estudar São Pedro do Itabapoana que vejo certos exageros sobre seu passado. Não que os são-pedrenses não tiveram um passado próspero e glorioso. A ex-sede municipal teve, realmente, grandes momentos. Mas, no afã de promover o sítio histórico, deparei-me algumas vezes com a elevação de São Pedro à patamares deveras fantasiosos.
A primeira coisa que havia me chamado a atenção, nesse sentido, tinha sido a "questão" do calçamento em pé-de-moleque, que é um dos principais atrativos e belo resquício do seu passado. Os jornais publicavam, no início da década de 1990, que o antigo calçamento havia sido construído por escravos. Pesquisei à respeito, e consegui provar que o calçamento em pé-de-moleque foi construído no início do século XX, sem usar mão de obra servil. Isso foi em 2005. Ainda demorou uns poucos anos até que os jornais parassem de cometer aquele erro. Mas pararam. E, por falar em jornais...
Um outro assunto que, em meu entender, é um exagero para glorificar o passado, é a questão da imprensa local. São Pedro teve diversos jornais, com boa circulação no sul do Estado, isso é verdade. Mas, ao apresentar o tema, os divulgadores e intermediários culturais caem em exagero, dizendo sempre assim:
"- São Pedro tinha mais de dez jornais!".
Isso leva o visitante a pensar que, em São Pedro, chegaram a circular cerca de uma dezena de jornais ao mesmo tempo. E isso não é correto. Em São Pedro houve momentos que circularam, na mesma época, até três jornais; o que, com certeza, é abonador para uma pequena cidade do sul do Estado do início do século XX. E é sobre a história da imprensa em São Pedro do Itabapoana que, agora, vou discorrer.
Uma oficina tipográfica antiga |
A IMPRENSA EM SÃO PEDRO DO ITABAPOANA
Ao findar do século XIX, poucas eram as cidades e vilas que tinham jornais locais. Montar e manter um jornal era trabalhoso e custoso. Nos dias de hoje, basta apenas um abnegado jornalista escrever e editar seu jornal em um computador, arrumar alguns anunciantes, remeter para uma gráfica e voilà! Está pronto um jornal.
No final do século XIX e inicio do século XX não era assim tão simples. Para publicar um jornal era necessário ter todo um equipamento de tipografia (typographia, como era escrito antigamente...) que, muitas vezes, era importado. Era necessário ter linotipos, clichês e fazer a manutenção das máquinas. Era necessário ter profissionais para editar e, literalmente, "montar" cada palavra do que seria publicado. O papel também era, muitas vezes, importado. Era necessário ter ou alugar uma casa para abrigar as máquinas, os tipos e o papel. O trabalho era grande, e os custos para sua manutenção eram elevados. Por isso, pouquíssimos eram os jornais que conseguiam se manter apenas com anunciantes privados e com a receita de seus assinantes e de suas vendas.
Desse modo, no Espírito Santo, a maioria dos jornais dependia de subvenções governamentais ou privadas para manter sua circulação. Os jornais, assim, eram antes de tudo órgãos de governo ou de partido. Especialmente nas pequenas cidades e vilas do interior.
O Município de São Pedro do Itabapoana foi instalado em novembro de 1890, desmembrado de Cachoeiro do Itapemirim. Até então, os assuntos locais eram tratados principalmente pelos jornais cachoeirenses e campistas. Os jornais do Rio de Janeiro, então capital da República, e de Vitória, capital do Estado, também circulavam em São Pedro. Os do Rio de Janeiro eram os que mais tinham assinantes na região.
Após a instalação do Município e da Comarca, logo se tornou patente a necessidade de se criar um órgão de imprensa local. A instabilidade política reinante após os primeiros anos da proclamação da República e as mudanças de governo que, em curto lapso temporal, se sucederam, atrasaram a execução da ideia. Somente quando foi empossado o primeiro governo constitucional são-pedrense, em dezembro de 1892, e quando se sedimentou a estabilidade político-institucional local, é que se "criou" o ambiente favorável à empreitada.
O PRIMEIRO JORNAL
Para reunir o capital necessário para a aquisição da tipografia e dos outros apetrechos necessários para se editar um jornal, foi formada uma associação anônima, cujos membros se tornaram acionistas da empresa. Um dos principais acionistas e abnegado pela empreitada foi o Capitão Manoel Teixeira de Oliveira, vulgarmente conhecido como Neca Teixeira, que escreveria futuramente seu nome nos anais da história como um dos maiores fundadores de jornais do Estado.
E em 30 de setembro de 1894, um domingo, circulou o primeiro número do periódico hebdomadário (semanal) O MUNICÍPIO, órgão imparcial e propriedade de uma associação. Seu primeiro redator-chefe foi o ex-promotor de justiça da Comarca, bacharelando em Direito, Gabriel Lessa. Antônio Pedrosa, tipógrafo, que administrou a oficina de "O Cachoeirano", exercia também a gerência. Posteriormente, o professor Manoel Antônio Franco assumiu como redator-chefe. A existência desse jornal foi, porém, curta. Em 1897 suspendia sua publicação, para nunca mais voltar. Ao que parece, sua extinção deveu-se à divergências políticas entre os principais acionistas.
SURGE A EVOLUÇÃO
Primeiro número de O Município (Arquivo de Renato Pires Mofati) |
SURGE A EVOLUÇÃO
Em 02 de janeiro de 1898, domingo, é publicado o primeiro número do segundo jornal de São Pedro do Itabapoana, também semanário, A EVOLUÇÃO, órgão do Partido Construtor Autonomista. Seu primeiro proprietário foi o agora Coronel Manoel Teixeira, e seu redator o professor Manoel Franco. Em agosto do mesmo ano, o jornal passou a ser propriedade de uma associação, tornando-se redatores os Drs. Olegário Ribeiro da Silva e José Coelho dos Santos. Em setembro de 1899 o jornal passou à propriedade de uma nova empresa, e o professor Manoel Franco reassumiu a redação. A tiragem do jornal era de 500 exemplares.
Novamente, divergências políticas serão responsáveis pelo fim desse jornal. Dessa vez, dentro do próprio Partido Construtor Autonomista local. Em 1900, Manoel Franco entra em divergência com o Juiz da Comarca e com o Coronel Neca Teixeira. Outras cisões e dissidências abrem-se no seio do Partido.
Na madrugada do dia 09 de novembro de 1901, um sábado, antes que fosse ao prelo a edição que seria publicada no dia seguinte, o Coronel Neca Teixeira, à frente de numeroso grupo de capangas armados com carabinas, "invadiu" a cidade e ameaçou Manoel Franco. A polícia não pode agir, pois era reduzido seu efetivo de praças. O Coronel Teixeira "intimou" Manoel Franco à deixar a cidade.
Esse fato foi narrado muitos anos depois por José Olympio de Abreu da seguinte forma:
"Por volta de 1898 ou 1900 era professor público em São Pedro de Itabapoana o campista Manoel Franco, homem inteligente e culto. Montou um jornal com o nome de "Evolução". E logo após os primeiros números rompeu em franca hostilidade com o juiz de direito e promotor público. Certa madrugada, entrou na cidade um carro de bois, coberto por um grande toldo, parando em frente da residência do professor Franco. Pensaram os moradores da cidade que se travava de um carro carregado de mercadorias e que se destinava à estação ferroviária de Itabapoana. Foi surpresa geral quando de dentro do carro saltaram diversos capangas para empastelarem o jornalzinho, culminando a proeza com a deportação do professor".
Paradoxalmente, um dos maiores expoentes da imprensa, como fundador que seria de diversos jornais no Estado, expulsou e calou um dos mais ativos jornalistas que atuava no Espírito Santo. E assim teve fim o segundo jornal que se publicou em São Pedro do Itabapoana.
Coronel Neca Teixeira |
CHEGA O PROGRESSO
No dia 13 de outubro de 1902, uma segunda-feira, é publicado o primeiro número do novo semanário local, O PROGRESSO. Seu segundo número seria publicado no dia 19 de outubro, um domingo, dia que costumava sair. Seus primeiros proprietários foram os irmãos José e Ângelo Baptista do Nascimento. José Baptista foi seu primeiro redator. Inicialmente era neutro em questão política. Em abril de 1903 o coronel Neca Teixeira torna-se sócio-proprietário, Em 21 de abril de 1903 tornou-se expressamente órgão do Partido Construtor Autonomista, e começou a publicar os atos oficiais das Câmaras Municipais de São Pedro do Itabapoana e de São José do Calçado. Pouco depois o Dr. Henrique O'Reilly de Souza tornou-se seu redator-chefe.
Em abril de 1904, findo o contrato que mantinha com a Câmara Municipal, teve sua publicação suspensa. Reapareceu no dia 01 de maio do mesmo ano. Tornou a suspender sua publicação, reaparecendo em junho de 1904, ainda como órgão do Partido Construtor Autonomista. Em julho do mesmo ano o coronel Neca Teixeira adquiriu a propriedade da tipografia e do jornal, que passou à ser órgão da dissidência do PRC local até 1905, quando mudou seu nome para A Reforma e tornou-se órgão oposicionista.
PELA PRIMEIRA VEZ,
O Progresso (arquivo da Biblioteca Nacional) |
PELA PRIMEIRA VEZ,
DUAS TIPOGRAFIAS
No dia 02 de junho de 1904, uma quinta-feira, é publicado o primeiro número de O REBATE, órgão do Partido Construtor Autonomista, propriedade de uma sociedade anônima. Seu primeiro redator foi o Dr. José Coelho dos Santos, e seu primeiro gerente foi João Egídio Figueira. O Rebate passou a ser o órgão que publicava os atos oficiais da Câmara de São Pedro do Itabapoana, situação que perdurou até o seu primeiro fechamento em 1912.
Em 1905 tornou-se órgão do Partido Construtor, mantendo-se como veículo que publicava os atos oficiais do governo municipal. No final de 1908, tornou-se órgão do Partido Republicano Espírito-santense, novo partido criado que absorveu o Partido Construtor. Desde 1909 que, embora controlando a linha editorial, o governo municipal passou a ter pequenos problemas com a associação proprietária do jornal, controlada pelo Dr. José Coelho dos Santos. Em setembro de 1912, um defeito em suas máquinas interrompeu a publicação de O Rebate por dois meses, que retornou apenas no dia 07 de novembro do mesmo ano.
Em janeiro de 1913 tornou-se órgão dos interesses do Governo Municipal. Suspendeu suas publicações no dia 30 de março de 1913.
DO PROGRESSO À REFORMA
O Rebate (fonte: Milton Teixeira Garcia) |
À esquerda, a casa onde funcionava O Rebate (fonte: Grinalson Medina) A rua Jerônimo Monteiro, endereço do jornal, era chamada de "rua do Rebate" |
DO PROGRESSO À REFORMA
O semanário O Progresso, de propriedade do coronel Neca Teixeira e tendo como redator-chefe o Dr. O'Reilly de Souza, tornou-se oficialmente órgão oposicionista local na edição do dia 13 de julho de 1904, uma quarta-feira. Era órgão do Partido Construtor Autonomista, mas de oposição ao Governo Municipal.
No dia 26 de janeiro de 1905, uma quinta-feira, mudou seu nome para A REFORMA. Passou a ser órgão da dissidência do Partido Construtor Autonomista e se tornou órgão da oposição ligada ao ex-presidente (governador) do Estado, Muniz Freire. O coronel Neca Teixeira manteve a propriedade do jornal até o seu fechamento, em 1908. Apoiou eleição de Jerônimo Monteiro, e aderiu ao Partido Republicano Espírito-santense quando de sua fundação no final de 1908. Sua tipografia foi, em janeiro de 1909, transportada para a cidade de Benevente (atual Anchieta), onde o coronel Neca Teixeira fundou o jornal "A Opinião".
No início de 1907, quando na oposição, suas oficinas foram empasteladas e o jornal manteve-se por um período com sua publicação suspensa. Voltou a circular em 23 de maio de 1907.
No início de 1907, quando na oposição, suas oficinas foram empasteladas e o jornal manteve-se por um período com sua publicação suspensa. Voltou a circular em 23 de maio de 1907.
A Reforma, na oposição (fonte: Milton Teixeira Garcia) |
JORNAL OFICIAL
Desde a fundação das primeiras folhas da imprensa local que os jornais eram propriedade privada, de pessoas físicas ou de associações, sendo, em primeiro lugar, órgãos de partido. Os governos utilizavam-se desses jornais para publicarem os seus atos oficiais, ajudando no financiamento dos periódicos partidários que, na ocasião, estavam no poder. Assim foi com O Município, com A Evolução, com O Progresso e com O Rebate.
Foi sob o governo de João Lino da Silveira que se pôs em prática uma ideia que não era nova, mas que esbarrava no interesse dos partidos que, então, estavam no poder. Problemas em relação à associação que controlava o jornal O Rebate fez com que o governo municipal investisse na aquisição de uma tipografia própria.
E assim, no dia 03 de maio de 1913, um sábado, foi fundada A SEMANA, órgão oficial da Câmara Municipal. Seu Redator-chefe e seu Gerente eram indicados pelo presidente da Câmara, e necessitavam de aprovação pelo Plenário. Desse modo, esse jornal foi o que teve a maior duração em relação a todos os outros pré-existentes.
Foi publicado ininterruptamente até o dia 12 de outubro de 1930, quando suspendeu suas atividades em virtude da revolução de 1930. Encerrou a sua história com 741 números publicados. Com o fechamento das Câmaras Municipais e a transferência da sede municipal para o distrito de Mimoso, então rebatizado com o nome de João Pessoa, suas maquinas foram transportadas para a nova sede, onde deram origem ao jornal A VOZ DO SUL, de propriedade da Prefeitura.
O primeiro número de A Voz do Sul, órgão oficial da Prefeitura de João Pessoa, foi publicado no dia 28 de dezembro de 1930. Seu primeiro Gerente foi Julio Rainha, e seu primeiro Redator-Chefe foi o Dr. Nicodemus Cysne.
O jornal oficial A Semana (fonte: Milton Teixeira Garcia) |
VEIO A LUZ
A tipografia do jornal O Rebate ficou alguns anos fechada, até que foi fundado o jornal A LUZ. Seu primeiro número foi publicado no dia 03 de julho de 1915, e seu diretor era o Dr. Argeu Coelho dos Santos, filho do Dr. José Coelho. Semanário que saia aos sábados, era órgão liberal e de oposição. Suspendeu suas publicações no final de fevereiro de 1916, quando foi "re-fundado" o jornal O Rebate. Com o novo fechamento deste, A Luz retomou suas publicações no dia 06 de junho de 1916. Encerrou suas atividades no início de 1917.
O NOVO REBATE
A Luz (Arquivo da Biblioteca Nacional) |
O NOVO REBATE
O jornal O Rebate encerrou suas publicações no final de março de 1913, quando terminou o contrato que o Governo Municipal mantinha com a Associação proprietária do periódico. O jornal O REBATE foi "re-fundado" no dia 24 de fevereiro de 1916, quando o periódico foi relançado como órgão da oposição. O primeiro número dessa nova e curtíssima fase foi publicado no dia 04 de março do mesmo ano, e suas atividades se encerraram no final de maio de 1916. Era semanal. Seu redator-chefe era o Dr. José Coelho dos Santos, e seu redator-gerente era o Dr. Arthur Veloso da Silva.
OUTROS JORNAIS
Houve ainda outros jornais sem muita periodicidade, que eram editados nas tipografias dos principais jornais. Por se tratar de folhas avulsas e dependentes do jornal "principal", entendemos que não podem ser classificados como jornais "independentes", como o foram os acima elencados. De todo modo, interessante citar alguns deles.
A PÁTRIA, periódico mensal fundado em 11 de setembro de 1899, foi o primeiro desses jornais que eram impressos nas oficinas de outro jornal. No caso, era editado nas oficinas de A Evolução, sendo um jornal literário e noticioso cujos redatores eram jovens estudantes.
O BINÓCULO, semanário fundado em 04 de agosto de 1907, órgão crítico e noticioso, era impresso nas oficinas de A Reforma. Seus colaboradores eram importantes jornalistas locais.
O RISO, fundado em 20 de setembro de 1916, órgão crítico e noticioso, mensal, era impresso nas oficinas de A Luz.
A GAITA e A LÍNGUA, o primeiro noticioso e literário mensal fundado em 13 de outubro de 1926, e o segundo crítico e literário semanal fundado em 03 de maio de 1927, eram impressos nas oficinas de A Semana.
Todos esses jornais impressos nas oficinas dos principais periódicos tiveram existência muito curta, e sua periodicidade era instável.
A Voz do Sul, de João Pessoa (Mimoso) (Fonte: Milton Teixeira Garcia) |
EM MIMOSO
Antes da fundação do jornal A Voz do Sul, o distrito de Mimoso também viu surgir alguns periódicos que tiveram, porém, curta duração. O primeiro foi O MIMOSENSE, fundado em novembro de 1923, cujo diretor era Santino de Oliveira. No ano seguinte suspendia sua publicação. Depois surgiu o IDÉA NOVA, fundado em 1925, também extinto pouco depois. Por fim, no dia 11 de fevereiro de 1928 foi fundado O REBATE, jornal independente impresso nas oficinas da Tipografia e Papelaria Gomes & Campos, que manteve sua publicação até outubro de 1930, embora sem periodicidade regular. Em julho de 1930 circulava o jornal O ESTÍMULO, de curtíssima duração. Em 1933 foi fundado o jornal LIBERDADE, de oposição, que também teve curta existência. O jornal a Voz do Sul manteve suas publicações até o final da década de 1960.
CONCLUSÃO
Entre 1894, quando foi fundado o primeiro jornal em São Pedro do Itabapoana, até 1930, quando foi transportada para a nova sede municipal a última tipografia que se mantinha em atividade na cidade, foram mais de quinze títulos de jornais existentes em São Pedro. Em alguns períodos chegaram a circular, simultaneamente, até três títulos de jornais, impressos em duas tipografias.
Entre os anos de 1904 e 1908, e depois entre os anos de 1915 e 1917, circularam quase sem interrupção dois jornais que se "combatiam" politicamente. Os embates entre O Progresso e A Reforma contra O Rebate foram antológicos. Mais tarde, os embates entre A Luz e O Rebate contra A Semana também foram ferrenhos.
É importante salientar que os vários títulos, em tempos diversos, não expressavam novas tipografias. Fundavam-se os jornais, mudavam-se os proprietários ou associações que mantinham os periódicos, mas as oficinas continuavam poucas. As mesmas oficinas que imprimiram O Município (1894/1897), também imprimiram A Evolução (1898/1901), O Rebate (1904/1913 e 1916) e a Luz (1915/1917). As oficinas que imprimiram O Progresso (1902/1904), também imprimiram A Reforma (1905/1908) e, interessantemente, transportadas para outras cidades, imprimiram A Opinião (fundada em 1909, de Anchieta) e O Alegrense (fundado em 1911, de Alegre). As oficinas que imprimiram A Semana (1913/1930), transportadas para Mimoso, imprimiram A Voz do Sul (1930/196?).
É importante salientar que os vários títulos, em tempos diversos, não expressavam novas tipografias. Fundavam-se os jornais, mudavam-se os proprietários ou associações que mantinham os periódicos, mas as oficinas continuavam poucas. As mesmas oficinas que imprimiram O Município (1894/1897), também imprimiram A Evolução (1898/1901), O Rebate (1904/1913 e 1916) e a Luz (1915/1917). As oficinas que imprimiram O Progresso (1902/1904), também imprimiram A Reforma (1905/1908) e, interessantemente, transportadas para outras cidades, imprimiram A Opinião (fundada em 1909, de Anchieta) e O Alegrense (fundado em 1911, de Alegre). As oficinas que imprimiram A Semana (1913/1930), transportadas para Mimoso, imprimiram A Voz do Sul (1930/196?).
O surgimento do primeiro jornal duradouro de Mimoso (então chamada de João Pessoa) em 1930 foi fruto do "roubo da Comarca" e da simples "tranposição" da tipografia da folha oficial de São Pedro para Mimoso. Um periódico de Muqui chegou a publicar: "(...) A Voz do Sul, surgida das cinzas de A Semana, que com a revolução desapareceu (...)".
Assim, leitor, espero que esse artigo, que mais se parece com um ensaio, tenha esclarecido essa "questão" da imprensa, que me atentava a cabeça. Por fim, informo que esse artigo/ensaio não é acadêmico, embora seja sério. As fontes onde pesquisei foram várias, e posso referenciar cada citação ou fundamentar cada conclusão. Os livros de Grinalson Francisco Medina, de Milton Teixeira Garcia e de José Antônio Martinuzzo foram importantes como ponto de partida. O trabalho de Amâncio Pereira, idem. Pesquisas feitas em diversos periódicos antigos possibilitaram detalhar um pouco mais o que os livros acima citados trataram de forma geral. De todo modo, para não estender ainda mais o presente trabalho, decidi não entrar em detalhes específicos demais. Isso ficará para outra ocasião, em trabalho que, também, será mais específico e com recorte temporal menos abrangente.
Gerson Moraes França